Maquinista maranhense conta sua trajetória no 33º episódio da Websérie Histórias Ferroviárias
Aos 41 anos, Adriano de Oliveira Cardoso, relembra que chegou de Gonçalves Dias, cidade no interior do Maranhão, com apenas R$ 10 no bolso e muita vontade de melhorar de vida. Era o início do 2000 quando Adriano veio morar na capital paulista com seu pai, deixando para trás apenas a saudade da família e o trabalho na roça.
Ele conta que a cidade natal, com pouco desenvolvimento econômico, não tinha condições de trabalho. “Lá só tinha comércio familiar e não tinha indústrias, o que deixava pouca opção de emprego. Muitas vezes, apenas tinha trabalho na roça”.
Quando chegou aqui, a primeira dificuldade foi adaptar-se ao clima frio, muito diferente dos habituais 40 graus do estado maranhense. “Sempre tive sonho de morar em um lugar frio. No primeiro inverno, já me arrependi e foi muito difícil aguantar o clima gelado”.
Durante um tempo, Adriano enfrentou as ruas trabalhando como camelô junto com seu pai na famosa 25 de Março. Mesmo com sacrifício, voltou a estudar e ingressou em um curso técnico de eletrônica. Apesar da experiência de três anos em uma empresa de eletrônica, buscava uma oportunidade melhor e decidiu prestar concurso para CPTM.
“Prestei concurso para maquinista e para limpeza. Passei nos dois, mas o de maquinista chamou primeiro. Nem sabia do que se tratava, mas sabia que devia ser melhor do que onde eu estava. No início, no treinamento em sala de aula, não entendia nada, muita informação de sinalização. Quando veio o treinamento na prática, comecei a entender tudo”.
Dos 21 anos que está em São Paulo, Adriano diz que ficou dez deles sem visitar a família na terra natal. “Depois que entrei na CPTM já fui dez vezes, em todas férias”, comemora.
Daquela época de apenas os R$ 10 reais no bolso até os dias atuais, Adriano diz que realizou um sonho. “Tenho mais do que imaginaria ter. Consegui comprar uma casa para morar com a minha mulher e filha, construi uma casa para a minha avó lá no Nordeste, que antes morava em uma de pau-a-pique, construção feita de barro e madeira”.
Hoje, Adriano tem o desejo de proporcionar a sua filha condições melhores que a sua e pretende investir nos estudos da menina. “Lembro que parei de estudar na quinta série e minha avó foi responsável por eu continuar. Ela disse que se eu não voltasse para escola, iria todos os dias trabalhar na roça, Claro, que voltei. Minha avó foi a minha grande incentivadora. Quero ser o mesmo para minha filha. Oferecer conhecimento para ela crescer e ter sua própria carreira”.
Histórias Ferroviárias
O Projeto Histórias Ferroviárias é o primeiro de diferentes ações que serão implementadas pela empresa em 2021, dentro do Programa Cultural CPTM. O objetivo do projeto, cujos episódios serão publicados todas as terças e sextas-feiras até o mês de julho, é melhorar as relações interpessoais em diferentes aspectos, valorizando as pessoas que fazem parte deste universo tão diversificado. Além disso, estas histórias visam mostrar aos passageiros da companhia quem são as pessoas que não param mesmo durante a pandemia, transportando quem trabalha nos serviços essenciais e não podem cumprir o isolamento social.
Mostrar todos os sotaques e idiomas que formam a CPTM também é uma forma de humanizar a relação com os passageiros. As histórias mostradas na websérie são parecidas com a de tantas outras pessoas, que deixaram suas cidades natais em busca de um futuro melhor na região metropolitana de São Paulo.
Dos 7.786 colaboradores da CPTM, mais de 99% são brasileiros, embora no quadro de funcionários existam pessoas de Portugal, Chile, China, Espanha, Itália, Japão e Rússia. Entre os brasileiros, praticamente todos os estados compõem essa vitrine de pessoas, incluindo todas as etnias.
As gravações foram feitas pela Abacate Filmes, indicada pelo CIEE, e seguiram todos os protocolos de segurança necessários durante a pandemia para garantir a saúde dos colaboradores e toda a equipe de trabalhou no projeto.
A história de Adriano Oliveira Cardoso e todas as que serão mostradas na websérie podem ser acessadas no canal oficial da CPTM no YouTube (www.youtube.com/cptmoficial) e nas demais redes sociais.
A CPTM mantém perfis ativos e bastante relevantes nas principais redes sociais, atingindo um grande número de pessoas com publicações que interagem com os passageiros, mostram interferências nas linhas, campanhas de conscientização e melhorias que afetam positivamente a vida dos quase três milhões de pessoas que utilizam os 271 quilômetros de vias em 23 municípios da Grande São Paulo.